Cartas da Flair

✉️ Carta 4 – Do casaco ao tigre: uma história sobre aprender a se amar

🎧 SUGESTÃO PARA ENTRAR NO CLIMA:
🌸 Coloque a música “Rise Up” – Andra Day para tocar enquanto lê.
Essa carta merece ser sentida com o coração inteiro. 💌

Querida leitora,

Teve uma fase da minha infância em que eu usava casaco todos os dias.
Fazia sol, fazia calor, fazia frio… não importava o tempo — meus braços estavam sempre cobertos.

Não era por estilo.
Era por vergonha.

Tinha um menino na minha sala que me chamava de “macaco” por causa dos pelos nos meus braços.
Se eram tantos assim, ou se meus braços eram realmente diferentes dos das outras meninas, eu não sei.
Talvez fosse só piada pra ele.
Mas pra mim… virou cicatriz.

Cresci tentando caber.
Cresci tentando esconder.
Cresci achando que minha beleza estava em disfarçar o que incomodava os outros.

Chega a ser estranho, né?
A gente aprende a lidar com o que incomoda os outros — mesmo que, antes disso, nem incomodasse a gente.
Ou melhor: passava despercebido.
Até que um dia, você acredita. E começa a se rejeitar.

O casaco virou minha armadura.
A vontade de mudar, de raspar com a gilete, de arrancar com a cera…
Pode até parecer que nasce do espelho —
Mas muitas vezes vem do hábito de se odiar em silêncio.

Foi aos poucos. Nada mágico.
Mas teve um momento simbólico que me marcou: eu decidi vestir liberdade.

Essa decisão tomou forma nas minhas tatuagens feitas pela Karol Dias e pelo Alan Hartt.
A Karol e o Alan não só tatuam. Eles fazem arte.
Com linhas finas e uma técnica de desenho livre diretamente no corpo, criam obras únicas e personalizadas.
Eles têm uma habilidade rara de capturar a beleza natural das flores em traços delicados.
E isso me ganhou.

Em um braço, um tigre com flores — pra me lembrar da força que carrego.
No outro, flores e borboletas — porque vulnerabilidade também floresce.

Hoje, meus braços contam minha história.
E mesmo que ainda tenha dias em que a insegurança sussurra…
Eu escolho aparecer.

Me visto pra mim.
Me enfeito pra me lembrar de quem sou.
Uso brincos, anéis, perfume… não pra me esconder, mas pra me honrar.

Talvez você também tenha um “casaco” que ainda usa.
Talvez esteja escondendo um pedaço seu porque te fizeram acreditar que ele era feio.

Mas e se…
esse pedaço for exatamente onde mora sua força?

Se quiser começar com um gesto pequeno, tá tudo bem.
Escolha um acessório que te faça sentir presente.
Não precisa ser algo definitivo como uma tatuagem.
Nem precisa ser pra ninguém ver.
Só pra você lembrar: você não precisa se esconder pra ser amada.

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